III – Festival Sons, Saberes e Sabores da Lusofonia 2022

Entre os dias 23 e 25 de Junho a Praça de Cabo Verde no Bairro Norton de Matos acolheu a III edição do Festival Sons, Saberes e Sabores da Lusofonia, uma iniciativa promovida pela Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais em parceria com associações representativas das comunidades imigrantes lusófonas em Coimbra.

Trata-se de um festival multicultural que permitiu aos muitos visitantes que por lá passaram a experiência de fazer uma viagem por três continentes onde se fala português, ouvindo canções cantadas com sotaque diferente, sentindo contagiantes ritmos de dança, conhecendo escritores e as suas diferentes formas de contar histórias, saboreando gastronomias tão diversas quanto deliciosas.

Após a degustação de um aperitivo Lágrima do Rei, uma bebida produzida em Coimbra, a actuação do duo brasileiro Pedro e Mel arrebatou o público com a irreverência das letras e a harmonia das vozes. Seguiu-se uma belíssima conversa com o escritor Valter Hugo Mãe que apresentou de forma cativante o seu livro “As Doenças do Brasil” despertando o interesse nos presentes pela sua leitura. Uma pausa para percorrer os diversos pavilhões e apreciar as suas decorações coloridas antecedeu uma palestra intitulada “Raul Bopp e os Movimentos Modernistas no Brasil”, proferida pela Professora Doutora Fabíola Guimarães Pedras Mourthé. Antes do serão abrilhantado pela Nelson Saron Band, um grupo musical angolano, foi apresentado o livro “Fenómeno: metáforas – sensações”, do autor Paulo Branco Lima.

No segundo dia do Festival, houve uma sequência de apresentações rápidas de livros: Rui Amado apresentou “Abraça-me por Dentro”, de Rosa Fonseca, o Professor Doutor José Luís Pires Laranjeira apresentou a obra póstuma “Caos e Catástrofe”, de Luís Miranda Rocha e o Professor Doutor Julião Soares Sousa apresentou o livro “50 Anos da Minha Existência” de Isabel Leitão, Embaixadora da Paz, pela Federação das Mulheres para a Paz Mundial. Seguiu-se uma conversa performativa dançada e cantada com a escritora são-tomense Olinda Beja, acompanhada à viola pelo músico Hector Costa. Uma exibição exuberante de danças afro-latinas pela Tribo da Dança abrilhantou o serão que foi rematado pela actuação inesquecível do cantor performativo moçambicano Pantera Mirex-g, o “King of Swag”.

Sábado foi dia grande: durante a hora do almoço, um concerto não anunciado do canta-autor Alex Lima, no pavilhão do Brasil, à tarde uma actuação da Quarentuna trouxe um aroma a praxe e Queima das Fitas à Praça de Cabo Verde, nesse dia já transformada em Praça da Lusofonia. Seguiu-se uma conversa dialogada com o timorense Luís Cardoso de Noronha (“Takas”) autor do livro “O Plantador de Abóboras”, que não conseguiu conter lágrimas de emoção ao lembrar as histórias de vida que o levaram a ser escritor. Depois de receber muitas palmas, foi substituído na Tenda dos Saberes pelos poetas Delmar Gonçalves, de Moçambique, João Rasteiro, de Portugal e Zetho Cunha Gonçalves, de Angola.
O último, Zetho Cunha Gonçalves, foi o primeiro a falar tendo apresentado o seu livro “Noite Vertical, Poemas Reunidos 1979-2021”, uma compilação de todos os seus poemas num volume de 444 páginas, a que João Rasteiro contrapôs o seu livro “Ofício”, uma antologia de poemas recolhidos dos seus já 20 livros publicados. Seguiu-se a actuação do Grupo de Danças da Associação Mon na Mon (Guiné-Bissau) composto por uma delegação de 25 elementos vindos propositadamente de Aveiro para este evento. À noite, depois de uma refeição animada pela música ambiente (canções de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), os presentes tiveram o prazer de assistir a um espectáculo de danças tradicionais executado pelo Grupo de Danças e Cantares dos Académicos Timorenses de Coimbra.

Desta III Edição do Festival Sons, Saberes e Sabores da Lusofonia foi feito um registo de fotografias e vídeos para mostrar como foi a quem não esteve e para memória dos que lá estiveram e gostaram.