Carla Alexandra Gonçalves
4ª Sessão
Carla Alexandra Gonçalves (1968) é Professora Auxiliar na Universidade Aberta (Delegação de Coimbra) onde lecciona desde 1999. É investigadora integrada no Grupo de Estudos Multidisciplinares em Arte (GEMA), do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAACP/FCT/UC), Unidade de I&D-281, desde 2007.
Tem exercido actividade de curadoria, comissariado científico, produção e promoção científica e cultural em colaboração com várias instituições, nomeadamente, a Itinerários Contemporâneos Zero, Universidade de Coimbra, Museu Nacional de Machado de Castro e Direcção Geral do Património Cultural.
É autora de vários manuais universitários, livros, fichas catalográficas e artigos científicos nacionais e internacionais no âmbito da investigação diversificada que empreende, entre a História da Arte (particularmente no que concerne à escultura portuguesa entre os séculos XV e XVI), a Teoria da Arte, Sociologia da Arte, Psicologia da Arte, Fenomenologia da Percepção Visual e Corporografia. A sua intervenção materializa-se, ainda, como autora de mais de trinta artigos de crítica de arte (contemporânea) e difusão cultural, como colaboradora na (já expirada) revista Preguiça Magazine (Coimbra – Registo ERC Nº 126313).
O caso de uma obra excêntrica: o retábulo de S. João e de S. Martinho da abadia de Celas.
O grande objectivo desta palestra é apresentar o (que se conhece até agora do) retábulo de São João e de São Martinho, montado da sacristia da igreja da abadia de Santa Maria de Celas.
Esta peça, que tem vindo a ser atribuída a João de Ruão e datável dos anos 40 do século XVI, configura-se, na realidade, como um caso muito difícil e por investigar. De entre os tantos problemas que a peça suscita salientem-se os primeiros, ligados à sua iconografia, verdadeiramente incomum, e ao formalismo, que não assenta na lógica tipológica habitual para os retábulos coimbrãos do século XVI. A segunda questão que cumpre debater prende-se com a atribuição da obra ao trabalho do escultor e arquitecto João de Ruão. Na verdade, não se conhecem, até agora, registos que possam assegurar esta autoria. O caminho para a confirmação da criação terá de realizar-se no cotejo com outras obras do mesmo autor, pelo que se fará uma revisitação do corpus de obra para Santa Maria de Celas atribuído ao artista.
A terceira questão compromete-se com as anteriores: se esta peça não foi desenhada com esta configuração para apresentar-se na sacristia, de onde provirá e quando terá vindo a ocupar o espaço onde se fixa?
São estas inquietações maiores que articularão o trabalho que se pretende apresentar.
INSCRIÇÕES