Porquê um prado em vez do relvado?
A Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais (JFSAO) tem em marcha um plano de renaturalização progressiva das áreas verdes da Freguesia. Seguindo os melhores exemplos e as recomendações dos especialistas do Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra, quer-se transformar terrenos pobres em prados floridos, verdadeiros refúgios de biodiversidade.
À medida que todos nos tornamos mais conscientes dos riscos que as alterações climáticas acarretam — nomeadamente a perda da biodiversidade — é obrigação dos poderes públicos, e em particular das juntas de freguesia, assumirem um compromisso com práticas sustentáveis na gestão dos espaços verdes, garantindo às gerações futuras um equilíbrio mais justo entre bem-estar urbano e conservação da Natureza.
Durante décadas, práticas ambientalmente nocivas como o uso de herbicidas e o corte indiscriminado da vegetação levaram ao desaparecimento de flores silvestres como papoilas, malmequeres e outras que antes nasciam espontaneamente por toda a cidade. Para além do seu valor ornamental, sabe-se hoje que as flores silvestres ajudam a descompactar os solos, facilitam a retenção das águas pluviais, contribuem para a captação de CO₂ da atmosfera e servem de alimento e refúgio a inúmeras espécies, entre elas os polinizadores, sem os quais não haveria produção alimentar viável.
Por isso mesmo, em parceria com o projeto de ecocidadania Jardim Monte Formoso, arrancámos em 2023 com várias intervenções-piloto, com forte enfoque na sensibilização da população em geral, e, em particular, dos residentes na na FSAO, com vista a testar soluções e métodos de reintrodução de espécies silvestres autóctones nas zonas verdes urbanas. Essas intervenções incluem:
- A plantação de arbustos, bolbos e flores silvestres autóctones;
- A redução da frequência de cortes em áreas delimitadas;
- O controlo de espécies invasoras;
- A promoção da capacitação dos cidadãos como agentes de mudança.
Onde já foram feitas intervenções?
Entre novembro de 2023 e o momento presente, foram criados quatro prados floridos em diferentes locais da freguesia:
- Interseção entre a Rua Fernandes Assis Pacheco e a Av. António Portugal (2023) [https://maps.app.goo.gl/9iwGFh9PX5gbL7Xn7]
- Ladeira do Chão do Bispo (2023) [https://maps.app.goo.gl/tdFR9mVTkfzDccLi6]
- Avenida Fernando Namora (2023) [https://maps.app.goo.gl/GTLWE3QjjMhZ1fC36]
- Rua Dom Fernando I (2024) [https://maps.app.goo.gl/V9o7DSA3mfy2utdW6]
Num modelo de ação participativa e comunitária, foram semeadas dezenas de espécies autóctones selecionadas pela sua resiliência, interesse ecológico e valor ornamental.
Além do seu inegável valor ornamental, as espécies que compõem a selecção para prado baixo e médio trazem também importantes benefícios ecológicos e económicos, uma vez que não necessitam de rega, cortes frequentes, fertilização ou controlo de pragas. Diversas em tamanhos e cores, as plantas silvestres autóctones são capazes de atrair um maior número de insetos polinizadores, e, como têm uma floração prolongada e/ou desfasada ao longo do ano, garantem que mesmo em alturas de maior escassez de alimento (como no Inverno) os animais possam encontrar um mínimo de sustento.
É necessário, contudo, compreender que, enquanto seres vivos, as plantas têm o seu ciclo, ou seja, não estarão sempre floridas como aquelas que encontramos à venda nos hortos ou supermercados. No Inverno, o prado será predominantemente verde, multicolor na Primavera e Verão, dourado e acastanhado no início do Outono. É preciso treinar o olhar e (re)aprender a apreciar os tempos da Natureza com a consciência de que as cidades — vistas habitualmente como fonte de poluição e degradação ambiental — têm um papel importante a cumprir na conservação e promoção da biodiversidade.
Na busca de um caminho de equilíbrio entre aquilo que são as expectativas legítimas dos cidadãos em relação ao cuidado dos espaços verdes em meio urbano e a realidade preocupante dos efeitos das alterações climáticas e da perda de biodiversidade, com consequências concretas no dia-a-dia de todos nós, a JFSAO compromete-se com a adopção das melhores práticas, respeitando as recomendações dos especialistas, sem nunca descurar o diálogo com os cidadãos.
Canteiros com vida
A par da criação de prados floridos, a JFSAO está também a apoiar a renovação de canteiros públicos, dando prioridade a espécies autóctones e à criação de micro-habitats urbanos.
O primeiro exemplo situa-se no Parque Linear do Vale das Flores, onde um canteiro foi recuperado com espécies nativas e passou a contar com a manutenção ativa de cidadãos voluntários. Esta intervenção integra-se na iniciativa “São flores, Coimbra!”, dinamizada pelo projeto Jardim Monte Formoso, que tem vindo a renovar diversos canteiros e floreiras abandonadas em vários pontos da cidade, em articulação com instituições locais e residentes.
Este modelo de gestão partilhada está a ser testado com sucesso e será replicado noutros espaços. A página será atualizada regularmente com novos exemplos e convites à participação de todos os interessados em cuidar e valorizar os espaços verdes da freguesia.
Quer fazer parte desta transformação?
Se gostaria de apadrinhar um canteiro ou participar numa ação de plantação, contacte o nosso parceiro Jardim Monte Formoso através do email <jardimmonteformoso@gmail.com>. Acompanhe as novidades nesta página ou nas redes sociais da JFSAO.
Brochura